O Fogão de Vermelhão.
O Fogão do compadre Zé Bertoldo ou do Compadre Zé Panema
A vida na roça ou na cidade nos anos 40, 50 e 60, seguia um ritmo morno, poucas inovações.
Em Fartura, nos Anos 50, começaram uma brincadeira que o Padre Francisco não ia mais distribuir cinzas, na Quarta-feira de Cinzas, porque?
Tinha comprado um fogão a gás, nossa prima que trabalhava com ele, não usava mais fogão a lenha, (, a cozinheira do Padre Francisco) era neta do João Bento de Castro.
O radio tinha em poucas casas, na Barra Seca, tinha no Roberto Garcia, filho do Zé Mingo, na casa do Pedro Ribeiro Palma, na casa do João da Nica, lembro que a antena tinha que ser um fio estendido com dois bambus bem alto,, descia este fio para o rádio, podia ser de pilha uma lata com 60 pilhas interligadas, que durava 06 ou sete meses, ou radio a bateria que era recarregável, bateria do carro, levava na cidade demorava 02 a 03 dias para completar a carga como se dizia.
Outro sonho era ter uma panela de pressão, pois para cozinhar feijão demorava uma eternidade no fogão a lenha, nesta panela só uma hora, era uma economia de tempo e de lenha muito grande.
Uma coisa que em todas as casas tinha era o fogão de lenha, feito artesanalmente, algumas vezes feito sobre quatro estacas, embaixo colocava lenha, ou era preenchido de terras e socado e montado o fogão e a chaminé para a saída fumaça e a chapa de ferro, era o mais usual. Mas para minha mãe, o sonho era ter um fogão de vermelhão, feito pelo tio Zé Panema, era uma grife o fogão e a cozinha, avermelhada.
Meu avô tinha chamado o compadre Zé Bertoldo para fazer o fogão para minha avó, meus pais chamaram, estava morando em Taquarituba. Meu pai conseguiu dinheiro para comprar os materiais e pagar o compadre Zé Panema para fazer o fogão de vermelhão e a cozinha.
O fogão do Tio Zé Panema tinha um acabamento impecável, era colocado , a chapa para 04 panelas, em baixo o forno para assar, pão , carne e outra delicias, e o mais importante, não tinha que esperar outro dia de manhã para tirar o borralho, pois era tirado por baixo do forno, uma grande inovação para minha mãe e minha avô.
O que mais encantava a gente era ver a paz e a tranquilidade com que o tio José fazia o seu trabalho, dava uma paz no espirito, um alivio na alma, ver ele trabalhar, nunca mereceu o apelido Indígena, compadre Panema, perjorativo(Panema), mas sim o que meu avô sempre o chamava, compadre Zé Bertoldo. Para meu avô o José Rosa de Paula, era o José Bertoldo, sabes porque: Na Barra Seca tem o costume de chamar o filho pelo nome do pai, por isto o Zé Bertoldo, Bertoldo era seu pai, bem como meu avô Zé Mané, Manuel era seu pai, Zé João, João era seu Pai, todos eram originários de São Simão. Vamos mudar né Dito, tirar o Panema e colocar para sempre o Zé Bertoldo, em Sebastião, José, João, Antônio, Dito, in memory, Pedro, todos Bertoldo e nunca mais Panema.
Mais uma história que o Dito Bertoldo sabe, mas o Elias também sabe, quer saber mais pergunte ao Elias.