Entre os moradores da Barra Seca (Sitio dos Bentos), corria a história de apontar que fulano de tal era o Lobisomem, que vivia atormentando os seus moradores.
Sempre nos encontros de reza (terço) alguns de seus moradores, dizia a este é, a unanimidade era gritante, quanto á afirmação. Mas dizem que toda unanimidade é burra, vamos ver no final.
Quem seriam as pessoas que discutiam sobre apontar um como sendo o tal de Lobisomem, tinham que falar, mas nenhum deles o definia e o apontava: Você é o Lobisomem da Barra Seca.
Pessoas que sempre discutiam sobre o tema lobisomem, era meu pai Alicio, o Mario Martin, o tio Pedro Bento, O tio Pedro Bicudo, tio Zeca, o morador do Zé João, o Zé Barbosa, algumas vezes os meeiros de meu avô. Sempre ocorria estas desconfianças que no bairro tinha um Lobisomem, pois sempre na época da Quaresma, noites de lua cheia, os cachorros la pelas 10,00 horas, nunca sabia quem era o dono dos cachorros, começavam lá no Zé João, na divisa com o Zé Mingo, parecia que tentando pegar o bicho.
Os cachorro parece que mordiam mas ao mesmo tempo dava aquele latido desesperado de quem tinha sido atacado , este pega não pega passava pelo sitio de meu avô, os cachorros tentando pegar e o bicho correndo e atacando os cachorros, passava o sitio dos Goizinhos, que era o sitio da tia Inácia Benta, passava por la , passavam pela casa grande os Bentos, sempre pega não pega, tinha que o bicho atacava os cachorros, estes latiam de dor.
Abaixo da casa grande dos Bentos, onde ficava os monjolos, geralmente desapareciam os latidos e a caça ao Lobisomem, isto pelos cachorros. Algumas vezes, esta perseguição começava la próximo o local que era a casa do tio Zeca Bento. De casa ouvíamos os latidos lá ao longe que o ataca ao bicho tinha começado e descia pelo sitio dos Goizinhos e terminava abaixo da Casa Grande, lá próximo aos monjolos. No Zé João tinha um morador que se propôs a pegar o dito Lobisomem. Ele preparou a arapuca. Armou sua Bacamarte (era a espingarda dos bandeirantes que tinha um funil na boca), uma porção de sal, uma porção de açúcar e uma luz bem forte para iluminar a cara do dito cujo, pois se ele desmaiasse com a claridade , confirmava que tinha sido descoberto o Lobisomem.
Era tempo de Quaresma, noite de Lua Cheia, o nosso amigo acreditou que aquele dia o Bicho ia aparecer.
Isto realmente ocorreu os cachorros começaram o ataque lá pelo lado do Zeca Bento, ouvia-se o latido ao longe, veio passou pelos Goizinhos, passou pela casa Grande e terminou nos monjolos como sempre.
A Casa de nosso amigo que ia pegar o Lobisomem, ficava no começo quando o ataque começava no Zé João divisa do Zé Mingo, portanto demorava um pouco para restabelecer a ordem.
O dito caçador de Lobisomem preparou a luz forte, em seguida o sal e depois o açúcar, pois se Lobisomem, podia desmaiar com luz forte no rosto, pois não gostava de claridade, passando isto o açúcar e o sal servia, se Lobisomem ia comer o sal e não o açúcar, não é muito valido, pois quando vemos um saleiro, quase sempre damos uma bicada no sal ou no açúcar
Bom passado algum tempo, o nosso caçador escutou vozes. Ficou na espreita, esperando para provar se realmente tinha pego o dito cujo.
O que ocorreu, armou-se da luz forte e acendeu na cara de quem ele acreditava ser o o bicho peludo.
Eis o susto, quem desmaiou foi ele o caçador de Lobisomem, porque?
Porque quem recebeu a luz no rosto foi o seu irmão que vinha da cidade, já era tarde, acompanhado por aquele que acreditava ser o Lobisomem.
Portanto mais uma vez a Barra Seca não conseguir provar que lá tinha um Lobisomem.
Mas a caçada ao Lobisomem continua, pelo menos na nossa estória de caça ao Lobisomem da Barra Seca, este dos Bentos, pois os Garcia , os Ribeiros os Palmas, também tinham o seu Lobisomem.
Acredito que o Elias sabe, também passava medo quando escutava os cachorros latindo na época da Quaresma. Também acreditava em Lobisomem.